Olá familiares e amigos que nos acompanham aqui nos Quintais.
Não escrevi antes porque nosso computador estava com a tela quebrada. Por isso atrasou todo nosso blog e a nossa página no facebook. Peço desculpas pela demora nas postagens e obrigada pela paciência.
Dessa vez teremos um Quintal escrito de uma forma diferente. Contarei toda nossa trajetória no México dividindo as postagens por estados que visitamos e não mais por cidades como vinha fazendo anteriormente. Fiquei pensando há vários dias como contaria para vocês quase dois meses de histórias que vivemos, paisagens que vimos, comidas que provamos e pessoas que conhecemos desse país mágico e fascinante.
Primeiro gostaria de destacar que desde que iniciamos essa viagem, o México sempre esteve em nossos planos, porém, ao mesmo tempo era uma incógnita. Se me perguntarem por quê, diria que por muitas vezes decidimos cancelar nossa ida por questões de segurança, já que por onde passamos, conhecemos muitas pessoas durante a viagem que falaram mal deste lugar. Entretanto muitas outras falaram tão bem que encheram nossos ouvidos de esperança e sonhos para conhecer de vez esse imenso país que faz parte da América do Norte.
Estudamos por muitos meses a rota mais segura para cruzar a fronteira do México, pois a opções são grandes saindo da Guatemala. Pensamos inicialmente em atravessar por Belize, mas um furacão não deixou. Cogitamos em pegar um voo da Guatemala e cruzar pelo céu, mas o custo ficou alto. Foi então por terra e por um rio que adentramos em solo mexicano. Entramos pelo estado de Chiapas, onde muitos diriam que fomos loucos, pois é uma região cheias de conflitos e guerrilheiros (terra dos Zapatistas). Tudo bem! Pode ter sido perigosa, e realmente foi em algum lugar do passado, mas hoje a situação é bem diferente e vários turistas cruzam diariamente a fronteira.
Nossa primeira cidade foi Palenque, onde paramos para conhecer mais uma Ruina Maya.
PALENQUE
A Cidade Romântica Maya.
No dia seguinte da nossa chegada fomos conhecer as ruínas. Chegando lá nos questionamos se seria necessário contratar um guia para nos explicar sobre as ruínas, já que nas ruínas maias de Tikal (último blog) ficamos um pouco perdidos e não entendemos muitas coisas sobre a civilização maia, sendo assim, decidimos ir com um guia. Negociamos o valor, compramos as entradas e iniciamos nossa caminhada. Durante o percurso o guia nos explicou sobre a arquitetura, construção, tipos de revestimentos utilizados, janelas em forma de T e de I, rios canalizados, e decorações e adornos utilizados nas áreas externas (muitos desses roubados e levados por pesquisadores espanhóis anos atrás).
Conforme o guia nos explicava sobre aquela extraordinária cultura, nossa imaginação funcionava para captarmos cada detalhe de como vivam os Maias. Ele nos contou como vivia uma família Real Maia, onde dormiam, onde tomavam banho, como eram suas camas e como era a decoração de um palácio internamente. Nos mostrou as camas de pedras, que eram revestidas e adornadas com pele de jaguar (e outros animais), plumas de aves e algodão retirado de uma árvore específica da região.
Vimos também que já faziam banheiros para homens e para mulheres (bem diferentes dos nossos), construíam saunas e tinham um sistema de hidráulica e engenharia que impressionam qualquer um na atualidade. Durante nossa caminhada observamos alguns buracos grandes e organizados próximos a grandes passagens, descobrimos que eram dobradiças utilizadas para segurar grandes portas de madeira e o material utilizado para fazer a dobradiça foi o cipó que retiravam de uma árvore que produz este material. Na parte interna do palácio pudemos ver um tipo de construção em forma de labirinto para que nenhum empregado soubesse onde o rei e a rainha dormiriam e existiam vários quartos e passagens secretas. Não posso deixar de comentar na altura das construções na parte interna que eram muito baixas, acredito que em alguns pontos do palácio a altura não passa de 1.90m.
Chamam de a cidade Romântica, porque encontraram uma pirâmide funerária dedicada exclusivamente à uma rainha que ajudou a reinar aquela cidade em determinado período da história. Sua tumba foi encontrada no interior da ruína, a chamaram de La Reina Roja (a rainha vermelha), porque a parte interna de sua urna funerária foi pintada com um material vermelho extraído de um metal que não oxidava. Foi este material que conservou os restos mortais da rainha, sua vestimenta, seus adornos e etc. A tumba original foi levada há alguns anos para o Museu de Antropologia e História na Cidade do México, dizem que a cor original está intacta até hoje.
Uma tarde toda caminhando entre templos, ruínas, praças, palácios e conhecendo mais dessa fascinante civilização para ter como recompensa no final da trilha uma belíssima cachoeira chamada “O baño da Reina”, simplesmente maravilhosa. Um lugar cercado de vegetação, árvores imensas, animais, aves e uma ponte para cruzarmos por cima da cachoeira, onde não é permitida a entrada de ninguém. Simplesmente um local sagrado para admirarmos.
Em Palenque fechamos um pacote que nos levaria para mais dois pontos turísticos (Misol-Ha e Água Azul) e desembarcaríamos em San Cristóbal de Las Casas, nossa segunda cidade no estado de Chiapas. Esse trajeto é conhecido como um recorrido de um dia todo. A primeira parada foi em: Misol-Ha uma cachoeira muito bonita que fica a duas horas de distância da cidade de Palenque. Um lugar de paz e tranquilidade, onde pode-se passar por detrás da queda d água por uma grande fenda na montanha para admirar toda sua delicadeza que cai nas pedras, e claro, levar um banho de água extremamente fria.
De Miso-Ha fomos para Água Azul, mais uma hora de transporte para chegar nesse lugar mágico. Nunca em minha vida vi uma água daquela cor, ou melhor, um imenso rio com cascatas de águas transparentes e azuis. Neste local pode-se banhar. Eu e o Ro resolvemos experimentar essas águas que por sinal estavam geladíssimas. O dia estava quente e com muito sol, porém não foi suficiente para aquecer a água. Entramos e nadamos um pouco em uma das várias piscinas naturais, nos atiramos em uma tirolesa, apreciamos a paisagem e depois aproveitamos o restante do nosso tempo para conhecer o parque e claro provar a comida local. Aqui se pode comer desde comidas de rua em barraquinhas até em restaurantes. Decidimos provar as empanadas de frango, carne e queijo com suco de laranja. Há também muitas barracas vendendo roupas, bolsas e objetos de decoração.
SAN CRISTÓBAL DE LAS CASAS
De barriga cheia, banho tomado e energia revitalizada entramos no ônibus e só saíamos dele na cidade de San Cristóbal de Las Casas. Foram mais ou menos 7h de muitas curvas e imensos penhascos que avistávamos da janela do ônibus. Essa cidade fica em um lugar muito alto em meio as montanhas de pinheiros. Saímos de um lugar quente (Palenque) com mais ou menos 30° graus durante o dia para pegar uma temperatura de 5° graus em San Cristóbal. Fiquei pensando se teríamos roupas para tanto frio, já que nossa viagem até ali havia sido de sol e praia.
Chegamos em San Cristóbal por volta das 19h e o frio já era grande. Encontramos um hostal bem bacana indicado pelo Lonely Planet chamado Las Palomas, esse com chuveiro quente e uma cama bem macia para passarmos uma semana naquela cidade colonial. Resolvemos ir para San Cristóbal durante a comemoração do Dia de los Muertos, que se inicia no dia 31/out com o dia das bruxas (Halloween), dia 01/nov com o Dia dos Mortos dedicado as crianças, e termina no dia 02/nov dedicado as adultos. Para os mexicanos essas datas são tradicionais e bem fortes, marcadas com muita alegria, comidas e oferendas. A cidade estava em festa, foi impressionante conviver com os mexicanos durante esses dias e vivenciar todas suas crenças e religiosidade.
Um dos costumes durante o Dia dos Mortos é fazer altares nas casas, tendas, restaurantes, lojas, supermercados e etc. Eles são dedicados para os entes queridos que faleceram. Os altares são enfeitados com crisântemo amarelo alaranjado e roxo, a mesma flores que usamos no Brasil para o Dia dos Mortos. Junto com as flores colocam também ervas de cheiro, recipientes com pimentas e todo tipo de comida e bebida que o falecido gostava. Enfeitam com velas, doces em formas de caveiras (chamadas calaveras de azúcar) e também com caveiras estilizadas chamadas de Catrinas (Simbolo de la muerte del cual el mexicano se burla con cierta picardia y respecto…Creada para hacer uma representacion metafórica de la clase social alta de mexico, antes de la revolucion mexicana).
As escolas da cidade promovem também uma competições de altares em praça pública onde cada equipe tem um dia todo para realizar a montagem, decorar, preparar a comida, adornar com flores e tudo o que o “morto homenageado” tem direito. Ao final fazem a apresentação um a um para os juízes e para o público em geral. O prêmio para a equipe vencedora é uma boa quantia em dinheiro.
Voltando à cidade, quando chegamos a San Cristóbal, soubemos que teria um conserto de quatro dias, uma das cantoras que se apresentaria era Lila Downs, uma mexicana com uma voz forte e um carisma extraordinário. O local escolhido para montarem o palco para os shows, foi a praça principal onde se encontrava a Catedral em um belo estilo colonial espanhol.
Uma grande praça, com a igreja colonial e uma área aberta onde todas as manhas ao cruzarmos a praça nos deparávamos com as Chiapanecas. Elas são as mulheres de Chiapas que se vestem como antigamente, tem um dialeto próprio e vivem em povoados próximo da cidade. Produzem bordados, mantas, roupas coloridas e chalés para vender. É com esse dinheiro que sustento toda a família. Elas estão por todos os lados oferecendo seus produtos. E não poderia deixar de destacar que muitas delas levam suas crianças presas nas costas com um tecido amarrado no corpo. Assistimos a uma mulher colocando seu filho nas costas sozinha. Ficamos impressionados com a facilidade que ela o colocou. Ficou curvada, passou o lenço por traz das costas da criança, passou uma ponta por seu ombro, a outra em suas costelas, amarrou na lateral e a criança ficou segura e à vontade!!! Um show de habilidade!!!
Falando um pouco mais das Chiapanecas e da cultura local, visitamos os mercados a céu aberto com muitas flores, frutas, verduras, doces e sementes. Cada passo que se dava sentia-se um aroma especial, mais outro passo e uma explosão de cores entravam na retina, pode se caminhar por horas e horas e não se cansar de ver tantas cores. A maioria das mulheres que trabalham no mercado são Chiapanecas e não permitem que tiremos fotos delas, elas acreditam que a máquina irá roubar algo delas. Nos tiramos fotos escondidas!!!
Depois do dia dos mortos ter passado e o feriado também, resolvemos fazer um passeio em um local chamado Cañon del Sumidero, este fica a uma hora da cidade de San Cristóbal. Chegamos no passeio, recebemos algumas instruções, colocamos nossos coletes e entramos no barco. Foram duas horas de pura admiração, contato absoluto com a natureza, suas formas, seus contrastes de cores, texturas e sua beleza. O barco percorreu por imensos canions de mais de 1000 m de altura, em alguns pontos a água do rio alcançava uma profundidade de mais de 100m. Durante o trajeto vimos muitas quedas d’águas, crocodilos, iguanas, pelicanos e uma linda cachoeira em forma de árvore de natal. Foi um passeio maravilhoso.
Regressamos para a cidade e permanecemos por mais três dias comendo guloseimas, visitando feiras de artesanatos, provando comidas típicas e apreciando o cotidiano incrível das Chiapanecas. De Chiapas partimos para o estado de Oaxaca, agora de volta a praia para as cidades de Huatulco, Puerto Escondido, Lagunas de Chacahua e Ciudade Oaxaca. Muitas ondas, praias paradisíacas e um pouco de cidade colonial. Agora não mais em território Maia. Aguardem nosso próximo Quintal…
Deixo aqui nas imagens abaixo as dicas do que encontrar nos Quintais de Chiapas.
Que D++++++!!! Acompanhando e sempre ancioso pelo proximo quintal. 🙂
Pri e Ro, que lugares lindos, adorei tudo, principalmente as aquarelas! Pri quando eu as ví, pensei noooossa parece as que a Pri pinta! Aí coloquei os óculos e vi o seu nome. Vc está pintando cada vez melhor. Amo vcs Mamy
Dona Sonia,
Ja faz tanto tempo que estou longe que esqueceu ate de como eu pinto …né…kkkk
Eh mami! Que bom que vc gostou.
Te amo muito
Um beso
Pri