Bon Appétit
Desde que chegamos nesta pequena praia ou povoado, situada mais ao norte da Costa Rica na Península de Nicoya, não paramos de pensar e desejar comidas e a sentir aromas! Vamos contar porque isso estava acontecendo.
Estávamos em um hotel chamado Meli Melo, um pouco mais afastado do centro de Santa Teresa, distante 50 m da praia e perto de dois pequenos mercados bem estruturados. Logo na entrada do hotel fomos recebidos com uma frase gigante escrito “Pura Vida” na parede. Caminhando um pouco mais vimos belos quartos de cor vermelho bordô, com molduras brancas ao redor de suas janelas e portas. As áreas externas dos quartos eram decoradas com tecidos transparentes roxos (que voavam com a brisa!), pisos amarelo gema, cercas de bambu, e varandas privadas de frente para o jardim central extremamente florido.
Olhando mais envolta víamos uma charmosa e divertida cozinha, com uma placa desejando “Bon Appétit”, com um excelente fogão industrial, uma geladeira grande, uma pia de inox com cuba profunda, prateleiras aparentes e louças coloridas e alegres. Havia também um quadro negro para se criar e sugerir comidas. As refeições eram feitas em uma bancada de madeira com quatro bancos ou em uma bela mesa que se encontrava no centro do jardim onde passávamos muitas horas degustando e conversando.
Toda essa infraestrutura de cozinha existe porque antes de se tornar um hotel o Meli Melo era um renomado restaurante de Santa Teresa, onde o francês Frederico era o Chef e proprietário. Ele e sua esposa, também francesa, nos contaram como conheceram e foram parar em Santa Teresa há nove anos atrás, depois de já terem rodado um bocado deste mundo. Os dois viveram em muitos lugares e países como: Austrália, Nova Zelândia, Angola, Marrocos, Brasil e aí vai…até se apaixonarem por Santa Teresa. Voltaram para França para trabalhar e juntar dinheiro para poder se instalar de vez neste pequeno povoado. Construíram com as próprias mãos o restaurante que durante muito tempo fez sucesso por lá. Apesar de tudo, a satisfação de Frederico foi dando lugar à insatisfação com a mão de obra local, pois ele ensinava como preparar pratos requintados e seus pupilos acabavam saindo para abrir seus próprios restaurantes, deixando ele na mão em plena temporada. Isso tudo levou o casal a deixar de lado o restaurante e transformar o mesmo em um belo hotel, com toda a estrutura do antigo restaurante. Agora a família cresceu e ganharam dois novos integrantes: Márius de cinco anos e Alais de apenas dois aninhos. Disseram que ainda farão uma viagem de volta ao mundo como a nossa, estão esperando somente a pequena Alais crescer e ficar com cinco anos.
Ângela, a simpática cozinheira matinal, nos preparava um delicioso “desayuno” todas as manhãs, que era servido em louças brancas recheadas com frutas da estação, geralmente banana, mamão e abacaxi. Tudo muito bem cortado e misturado. As frutas acompanhavam dois pães integrais tostadinhos e quentinhos, servidos juntos com manteiga e geleia de goiaba. Sempre era servido o mesmo “desayuno”, mas acreditem ou não, dormia pensando na manhã seguinte no delicioso café da manhã. Acordava e já vinha à imagem dos pães quentinhos e a manteiga sendo passada e se derretendo nos farelos torrados.
As ondas deixaram a desejar em Santa Teresa, foram duas semanas completamente diferentes, uma sem onda e outra com bastantes ondas, porém completamente mexidas e impossíveis de serem surfadas. Os dias foram de praias e pouco surf. Quando a maré baixava nos presenteava com belas piscinas naturais, cheias de peixes, conchas e águas quentinhas. Quando não estávamos nelas estávamos caminhando nas praias de areias brancas, ou fazendo algum passeio de bicicleta para descobrir novas praias como: Playa Hermosa, Playa Mal País ou Playa Carmem, onde era possível ver várias iguanas, esquilos e famílias de macacos nas copas das árvores.
Como nessa época do ano chove muito na Costa Rica e em toda América Central, isso nos inspirava a cozinhar e a criar novas receitas. Cozinhávamos no mínimo duas vezes por dia, sempre em pequenas porções para que nada fosse desperdiçado. Nossos almoços quase sempre eram comidas fáceis e leves, pois não podíamos perder a praia. Já nossos jantares eram delicadamente elaborados, pensados e decorados. Para todas as novas receitas reinventadas surgiam nomes e aromas. As receitas eram criadas com o que tínhamos disponível na geladeira!
Uma de nossas criações foi o Macarrão Santa Teresa, preparado em um dia de muita fome e pressa. Checamos a geladeira e o que encontramos de pronto e rápido foram: um pacote de macarrão linguine número 10, azeite de oliva extra virgem, manteiga com sal e queijo ralado tipo parmesão. Cozinhamos o macarrão, escorremos e reservamos. Aquecemos o azeite e a manteiga em uma frigideira e em seguida incluímos o macarrão. Reservamos dois pratos quadrados de um colorido azul turquesa, onde colocamos uma porção razoável ainda quente do nosso macarrão (saindo aquele vapor!), polvilhamos com queijo parmesão ralado. Para completar o paladar nos deliciamos com duas taças de vinho tinto Carmenére (Chocha y Toro). Além do Macarrão Santa Teresa, houve muitas variações do mesmo: ao sugo com bacon e linguiças picadas em cubos pequenos, uma só com manteiga sem azeite, outra ao sugo com molho de carne e muitas outras mais.
Ficaremos devendo as fotos do Macarrão Santa Teresa, a fome era grande e esquecemos de tirar foto…hehehe
Criamos também outro prato que levou o nome de Doces Cebolas. Essa levou em sua receita cebolas brancas cortadas em tiras medianas, meio pimentão vermelho cortado em tiras finas, 500g de vagem já cozidas e cortadas, azeite de oliva extra virgem, manteiga, salsa china (molho Chinês) e duas porções de açúcar. Tudo levado na frigideira com fogo alto. Deixamos por alguns minutos e retiramos quando as cebolas estavam douradas e crocantes. Para acompanhar fizemos arroz integral e ovos cozidos.
Tivemos também até convidado preparando costelinha de porco, feijão preto e arroz integral, regados com muito vinho Concha y Toro. Valeu Márcio! A costelinha e o feijão estavam divinos (Márcio já conhecido de nossos Quintais de Pavones. Nos encontramos novamente em Santa Teresa).
Se ficarem interessados em conhecer Santa Teresa ou o Hotel Meli Melo, aqui vai nosso itinerário saindo de San José de ônibus.
Saímos do terminal Coca Cola em San José as 6h00 da manha com destino ao Ferry Peninsular que se encontra na cidade de Puntarenas. No caminho perguntamos ao motorista se faria alguma parada para um lanche, já que havíamos saído sem café da manha (nos disse que talvez, mas que no caminho um senhor passaria vendendo empanadas). Foi exatamente isso que aconteceu um senhor entrou vendendo água e empanadas fritas, de frango ou de feijão preto com queijo, compramos e comemos a de frango, que não nos agradou muito. A raiva bateu quando depois de 15min o motorista parou o ônibus em uma bela cafeteria, com opções de pão de forma, queijo quente, manteiga, ovos e café com leite ou achocolatado. Sacanagem!!! Mas comemos também.
Seguimos viagem até a cidade de Puntarenas mais ou menos três horas depois.Chegando lá tivemos que descer do ônibus e caminhar até a entrada do Ferry, que por sua vez nos encantou por seu tamanho e organização. A travessia da costa para a península de Nicoya foi tranquila e as paisagens muito bonitas, se der sorte (nós não tivemos) pode-se avistar baleias e golfinhos durante o trajeto. Chegando à península o mesmo ônibus que estávamos embarcou junto no Ferry e nos esperava no ponto de parada em terra firme, sendo assim embarcamos novamente no ônibus e continuamos nossa viagem até Santa Teresa, com duração de mais três horas, conseguimos fazer o motorista nos deixar em frente ao hotel…ufa!
Nosso próximo quintal será mais ao norte da Costa Rica, nosso último destino nesse país. Alugamos um carro em Mal País e partimos para conhecer a região de Tamarindo e suas praias ao redor. Essa é uma das áreas mais desenvolvidas do país, com grandes condomínios e mansões de luxo, além de resorts e spas. Apesar de todo o luxo, sempre tem uma vaguinha para dois mochileiros. Acompanhe nosso próximo Quintal…TAMARINDO!!!
PURA VIDA
Rodrigo e Prisicla
Vocês estão passando muuuito bem!!
Aproveitem mesmo toda essa maravilha!
bjO e saudades
Muito boooom, Pri!
Me intusiasmo com a leitura…que lindooo!
Beijooo!!