Olá Cumpadres!!!
Como prometido aqui está mais uma postagem.
Bom, das belas Bahias de Huatulco e das perfeitas ondas de Barra de La Cruz, partimos então para Puerto Escondido, um povoado pequeno com uma cara brasileira, onde está a legendária e mais temida onda do México, a mundialmente famosa Zicatela (a Pipeline Mexicana!!). Este temido paraíso fica a somente duas horas de Huatulco.
Estávamos muito ansiosos para chegar em Puerto e ver a máquina de fazer ondas funcionando, a previsão informava que haveriam ondas de 4-6 pés (1.5-2.0 m). Fiquei imaginando durante muito tempo de que tamanho seriam as ondas? Quantos surfistas se arriscariam a surfar? Quantos sairiam com suas pranchas inteiras?
Chegamos e procuramos uma pousada bacana, pois queríamos bem pertinho da praia. Ficamos na Pousada Buena Vista, cujo nome já diz tudo. Tinha uma excelente vista para a praia e para a onda. O problema eram as escadas para chegar no quarto, porque a pousada ficava muito no alto. Dale pernas e coração!
Ficamos em Puerto por 15 dias. Esta cidade praiana tem clima brasileiro, não consegui definir o porque, talvez pela quantidade de conterrâneos que encontramos nas areias. Um deles foi um casal do Paraná (Maria e Vinícius) que estavam de férias com seu filhinho (Pedro) e mais alguns amigos (todos surfistas). Pedro ficava brincando na areia enquanto o pai surfava com o Ro. Eu e a Maria ficávamos tagarelando nas espreguiçadeiras de madeira na praia. Essa estrutura ficava no restaurante Greko’s, onde íamos todos os dias, por todo o dia. Chegavamos cedo, depois do café da manhã em nossa pousada e passavamos o dia inteiro de frente para o mar, com toda mordomia possível. Tudo isso com direito a suco de laranja, camarão, peixes, ceviches, omeletes, fajitas e saladas, sempre servidas por nosso garçon tipicamente mexicano (Santiago).
Maria?!! Conversamos e caminhamos tanta, que você acredita que só tinha essa foto da nossa caminhando na praia? Bons momentos!!!
Quanto as ondas peguei alguns trechos de uma revista local para conseguir definir para vocês o poder e o impacto que essa onda tem na vida dos surfistas, que arriscam suas vidas por apenas alguns segundos surfados. A matéria dizia o seguinte:
“Se você quer beber uma verdadeira Guinness va a Irlanda; se quer praticar snowboard va para o Alaska e se quer surfar venha para Puerto Escondido. Os meios de comunicação nao exageram, as ondulações aqui são as melhores do mundo. O surf te sacudirá até a alma, se você estiver pronto!
Zicatela, não há palavras para descreve-la em um dia de ondas consideráveis. Tem que ver para começar a entender a beleza perfeita, a forca desse fenômeno. Se você tem a experiência e a coragem suficientes, tem que nadar ate as ondas para descobrir do que trata todo esse motim. A onda é puro poder. Te faz e te desfaz. Uma queda ruim em Zicatela, pode ser que não regresse mais para a superfície. Uma queda ruim é uma tentativa falida ao dropar uma onda (sendo lançado a um turbilhão de água, com muita forca, frequentemente perdendo o ar dos pulmões e depois ficando preso por um bom tempo no fundo do mar, enquanto seus pulmões se queimam de insuficiência respiratória e sua mente imagina que esta preste a morrer afogado. Drope uma boa onda em Zicatela e será o mestre do universo…
Em um dia grande em Zicatela as ondas se parecem a uma besta irreverente que mastiga a bons surfistas para tomar café da manha e depois em um turbilhão de água os cospe para fora e os deixa completamente desorientados. Existe outra onda na Terra que quebre tantas pranchas?
Alguns big riders (surfistas de ondas grandes) vem aqui e asseguram que quando as ondas de Zicatela atingem um bom tamanho são as mais difíceis que há. A diferença entre outras ondas como Marvericks que fica ao sul de San Francisco, é que Zicatela não possui um canal de água que permita um fácil acesso a zona de impacto, a qual se dropan as ondas. Antes de passar a arrebentação e encontrar um local ideal para dropar as ondas, tem que cruzar uma série de ondas que podem te matar em um instante. O fundo marinho pouco profundo significa que se uma onda pegar a um surfista e lanca-lo com toda forca contra o fundo de areia pode terminar muito ferido ou morto. A natureza não tem piedade.
Então porque os surfistas encaram estas ondas terríveis e mortais? A recompensa, a satisfação e a plenitude que um surfista sente depois de uma boa seção de ondas mágicas. Se você decide enfrentar o drop de uma onda como a de Zicatela e superar seus temíveis mitos, e encara um tubo envolvente, veloz como um relâmpago, então você experimentou uma das mais grandes formas de felicidade absoluta, o sentimento do guerreiro vitorioso!”
Revista Viva Puerto, Novembro 2011.
Depois de ler este texto não pude deixar de lembrar de uma pessoa muito querida que doprou esta onda magnífica e encantadora a alguns anos atrás. Meu cunhado bodyboarding Igor Sabedot. Por muitos anos ele me falava de Zicatela e não pudia entender tamanha força e energia até observa-la com meus próprios olhos. Não pegamos Zicatela com todo seu fervor, pois como mencionei a temporada de ondas no México estava terminando. Entretanto por uns três dias vimos o mar mostrar pressão. O Ro entrou e fiquei muito preocupada, havia visto uns três surfistas com pranchas grandes serem engolidos e devolvidos para a superfície com suas pranchas partidas ao meio. Assisti o Ro surfar algumas ondas com muita coragem, e em uma delas para encarar um tubo e sair da água com muita felicidade por ter completado. Parabéns pela coragem! (Palavras do Ro: Morena? você viu o tubo que eu peguei, foi irado!!! você a vaca que eu tomei também? me esmagou todo, medo da porra!!!)
Além de Zicatela existem muitas outras praias tanto para surfar como para se banhar e nadar. Conhecemos La Punta uma praia que quebra onda de esquerda e quando não tem onda, vira uma piscina e da para nadar e curtir a praia. Fomos também em Playa Carrizanillo, uma baia maravilhosa, calma, com alguns bares e restaurantes. A cor da água era impressionante verde Esmeralda, tanto é que dão o nome de Costa Esmeralda, para toda essa orla de Puerto Escondido.
Durante nossa estadia em Puerto, conhecemos mais um casal só que dessa vez de Australianos (Bianca e Jimmy). Simplesmente maravilhosos! Parecia que nos conhecíamos ha um bom tempo. Eles também estavam viajando pelo mundo e se encontravam na estrada pela mesma quantidade de meses que nós. Estavam vindo por outro caminho, e iniciaram a rota pela Europa, passando por todas a América Central e terminando no México, sendo a ultima parada em um resort em Cancun com tudo incluso (deve ter sido sensacional).
Saímos algumas noites para jantarmos na cidade com eles e em uma delas resolvemos provar o famoso Elote, o milho cozido mexicano que não havíamos experimentado. Resolvi comer de tanto que a Bianca falou que era bom. Realmente ela tinha razão, o milho é maravilhoso e o preparo é bem diferente do nosso milho de praia. Eles cozinham o milho sem sal, quando está pronto colocam um palito na base e vira um pirulito, depois passam maionese em volta, mergulham ele em um queijo ralado tipo parmesão, salpicam de chili e por último espremem um quarto de limão. Que delicia! Eu e o Ro viramos fã!
Passeando um dia pela cidade, paramos em um centro de informações para perguntar sobre nosso próximo destino, as Lagunas de Chacahua, e foi onde conhecemos Gina, uma apaixonante guia turística. Ela tirou todas as nossas dúvidas e nos mostrou outros lugares para conhecer, o que fazer, como fazer e muito mais. Ela trabalha no mesmo local há 25 anos, quem precisar de informação ela é a pessoa certa.
Gina nos contou mais detalhes das Lagunas de Chacahua e disse que deveríamos conhecer. Falou que era uma reserva ecológica, um parque cheio de lagoas e animais silvestres. Alertou sobre a simplicidade do lugar, que não tinha certeza se haveria energia elétrica, pois havia estado na reserva há alguns anos atrás. Passamos essas informaçõess para nossos amigos australianos e decidimos conhecer esse paraíso juntos. Fizemos as malas e partimos para as Lagunas de Chacahua.
LAGUNAS DE CHACAHUA
Esta reserva fica há duas horas de carro ao norte de Puerto. Reservamos um taxi que nos deixou na entrada do parque onde saiam os barcos que nos levaria até a reserva. Embarcamos nós quarto e toda nossa bagagem, iniciamos um passeio pelas lagoas que teve duração de 40min até se chegar na praia. Nosso objetivo na reserva era conhecer as lagoas, surfar e ficar isolado do mundo durante uma semana. Acho que conseguimos!
Quando o barco nos deixou na areia, tivemos que caminhar com toda nossas tralhas por uns 10min até chegar no “centro”da praia. Onde se encontravam todas as cabanas onde ficaríamos hospedados. Tudo muito simples e tranquilo. Uma vila de pescadores onde alguns vivem por la e outros apenas fazem dinheiro com as cabanas.
Entramos em algumas para escolher a menos pior e mais ventilada. Decidimos ficar em cabanas perto do mar e do “centro”. Escolhemos as duas de frente para o mar e de fundo para o rio. Um visual lindo e selvagem. A cabana era metade de alvenaria e a outra metade de madeira, com várias brechas e buraquinhos. O banheiro era integrado com o quarto e não tinha porta, apenas uma Cortina. O vaso sanitário nao tinha acento e o chuveiro era gelado. Havia energia elétrica na cabanas, porém, quando a noite caia, o centro ficava completamente escuro. Quando olhávamos para o céu uma infinita quantidade de estrelas se aproximavam de nossos olhos.
Os dias amanheciam lindos e sempre ensolarados. Ro e Jimmy iam surfar e eu e Bianca íamos caminhar na praia e tentar uma comunicação, já que meu inglês ainda não tá lá essas coisas. Mas quem é mulher sabe e conhece os papos de mulher, então nossas conversas foram fluindo e meu inglês melhorando (thank’s Bianca).
As ondas de Chacahua não são tão famosas como Zicatela, mas são perfeitas linhas direitas que quebram em um pier de pedras. Da areia não dá para ver muito bem, tem que ter uma boa lente para conseguir enxergar as ondas. O Ro e o Jimmy surfaram boas ondas e estavam sempre satisfeitos com o mar. Era uma onda parecida com Barra de La Cruz, só que mais rápida (palavras do Ro). A Bianca conseguiu tirar algumas fotos deles surfando.
Essa praia que caminhavamos era muito longa, acredito que deveria ter uns 15km de extensão. Em uma de nossas caminhadas avistamos um cercado e alguns urubus rondando o local. Eu e a Bianca fomos checar e notamos que talvez alí fosse um local de proteção das tartarugas marinhas, já que antes de chegarmos em Chacahua, Gina havia nos dito que na reserva havia um projeto de proteção para as tartarugas marinhas.
Na mesma noite jantando em um restaurante na beira da praia, perguntamos para a dona se aquele cercado era de tartarugas. Ela nos respondeu que sim e que dentro de alguns dias os filhotes de tartarugas sairiam dos ovos e seriam levados até o mar. Pensei! Que presente divino seria ver essas tartaruguinhas! No dia seguinte saímos para nossa caminhada mais ou menos as 3h da tarde e regressamos no final da tarde. Quando estamos nos aproximando do cercado vimos uma movimentação de pessoas locais, corremos para ver se já tinham tartarugas. Para nossa surpresa tinham muitos e muitos filhotes.
Precisávamos avisar o Ro e o Jimmy, e então saímos correndo feito duas loucas até o centro, chegamos sem fôlego. Falamos para eles e voltamos correndo novamente para o cercado. Esperamos o final de tarde e ajudamos os locais, que são voluntarios, a soltar aquelas belezas ao mar. Nunca vi nada parecido, eram muitas e uma mais linda que a outra. Ajudamos todas a chegar na beira do mar e elas sozinhas foram ao encontro das ondas. Que presente maravilhoso que Deus nos deu.
Voltamos para nossas cabanas maravilhados. Comemoramos mais uma vez no restaurante na beira da praia, pedimos camarões e peixes fresquinhos para comer, tudo acompanhado de quatro Coronas (cerveja local) para brindar (até o Ro bebeu!).
Nem só de felicidade vive os visitantes de Chacahua. No quarto dia que estávamos nas cabanas aconteceu um fato que mudou nosso planos. O Ro tinha ido surfar e eu estava no quarto arrumando nossas coisas quando olho para o teto e vejo uma enorme barata. Saí correndo e vi o Jimmy e a Bianca do lado de fora, perguntei se o Jimmy poderia mata-la para mim? Jimmy entrou no quarto e deu uma sapatada nela.
Na mesma tarde sai para comprar veneno e aplicar no quarto todo. Quando li o rótulo do veneno a orientação era de que matava baratas e escorpiões. Fiquei tranquila e senti que havia comprador o mais potente. Entrei no quarto e passei o veneno em cada canto e fresta que tinha. Quando o Ro entrou começou a tocir e disse que eu iria morrer com tanto veneno! A noite chegou e a sensação de que tínhamos mais visitantes no quarto era nítida. Adormeci.
Na manha seguinte acordei e olhei embaixo da cama. Arregalei os olhos e vi que haviam três baratas gigantes mortas. Que desespero! Em cima de nossa cama tinha mosqueteiro, forrei tudo, varri o quarto e sai para a praia. Mais tarde retornei para o quarto e resolvi tomar uma ducha, quando vou abrir a Cortina vejo outra. Saí correndo e mais uma vez encontrei com Jimmy, o Ro estava surfando de novo, pedi para ele matar só que dessa vez com o veneno. Quando ele afastou a Cortina e posicionou a mão bem próxima de onde ela estava, se deu conta que não era uma barata e sim um grande escorpião, o inseto caiu no chão e fez até barulho, acabamos matando ele com o sapato. Essa noite não dormi.
Na manhã seguinte acordamos dispostos a ir embora daquele local. Saímos para tomar café e cruzamos com a Bianca que nos contou que naquela noite nem ela nem Jimmy haviam dormido, pois uma barata resolveu caminhar em cima do peito do Jimmy…kkk Credo! Acho que passei tanto veneno que atrai mais inseto do que espantei.
Se quiserem visitar Chacahua não fiquem próximo do rio, pois há pedras e embaixo delas uma boa porção de baratas e escorpiões.
Deixamos o paraíso, as tartarugas e a paisagem maravilhosa para passarmos mais dois dias em Puerto e seguir viagem para a Cidade de Oaxaca.
Em Puerto ficamos hospedados no mesmo local que nossos amigos Australianos, na pousada Las Olas. Dividimos uma varanda de frente para o mar. Em umas das noites decidimos fazer uma festinha de despedida de Puerto, compramos tequila e preparamos umas caipirinhas para Jimmy e Bianca a la México. Nos despedimos de nossos amigos e ficamos de nos encontrar em Barra de Nexpa (praia localizada no estado de Michoacan) e talvez passar o Natal todos juntos.
Nosso próximo destino foi a Cidade de Oaxaca. Distante somente 250 km de Puerto, mas são 7h de viagem em meio a montanhas, penhascos e curvas, muitas curvas. Alguns preferem até ir de avião para não ter que dirigir por essa estrada. Oaxaca é famosa por ser uma cidade no estilo colonial espanhol. Além do mais lá são produzidos alguns dos melhores Mezcal (primo da tequila) e Chocolates do México.
Aguarde o próximo blog, muito mais aventuras e imagens para contar!
Beijos
Priscila e Rodrigo
Olá, tudo bem?
Você se lembra quanto custou o barco para Chacaua?
Obrigada!
Ola Joanna, tudo otimo. Não lembramos. Mas não é caro.
Priiiii! Deve ter sido emocionante ver tantas tartaruguinhas! Meu sonho! Realmente você experimentou a sensação de estar em Puerto. Agora deve entender melhor a paixão do Igor rs! Fala pro Rô postar um videozinho dele surfando lá! Saudade absurda de vc!!!!! Se cuida e prepare-se!!!!! A temporada de baratas mutantes ainda nem começou!!!!!
Minha linda irmã!!!
Com certeza senti a sensação maravilhosa de estar em Puerto e lembrei das histórias do Igor. Agora ver e tocar nessas tartaruguinhas não teve preço, foi sem explicação!
Não fiz vídeos do Ro surfando em Puerto, porém, fiz um vídeo maravilhoso para você em sua homenagem!
Um monte de beijooooooos e muitas saudades!
Pri